ORIENTAÇÃO AO PACIENTE (Perguntas e Respostas) tratados com a Cirurgia Ortognática:
O que é Deformidade Dentofacial (DDF) ?
Deformidade Dentofacial é a denominação dada à má formação das estruturas esqueléticas e dentais da face, provocando problemas funcionais (de respiração, de mastigação e de fala), estéticos e psicológicos. Suas principais características são:
A) falta do correto encaixe (oclusão) dos dentes.
B) problemas estéticos da face.
Quais os tipos de deformidades dentofaciais ?
Existe uma variedade muito grande de DDF, os próprios pesquisadores ainda encontram dificuldades para classificá-las de uma forma ordenada.
As DDF mais comuns são:
A) quando os dentes superiores encontram-se à frente dos dentes inferiores e o indivíduo apresenta a face com um queixo pequeno
B) quando os dentes inferiores encontram-se à frente dos dentes superiores e o indivíduo apresenta a face com um queixo grande
Associados as estes problemas podemos encontrar as assimetrias faciais (horizontais e verticais), problemas verticais da face (face longa e face curta) e problemas transversais (face larga e face estreita).
Quais as causas das DDF ?
As DDF podem ter várias origens, dentre elas podemos destacar: genética (hereditária), disfunções (principalmente respiratória e mastigatória), mau hábitos (ex: chupar chupeta ou o dedo), traumática (seqüela de trauma de face), seqüelas de tratamento cirúrgico nas estruturas da face e seqüelas de tratamento odontológico.
Quem faz o diagnóstico e o tratamento?
Somente profissionais da área da odontologia com alto nível de treinamento e especialização tem condições de realizar de uma forma correta o diagnóstico e o tratamento (resolução CRO e CRM n. 1.536/98 e n. 1.659/2003), pois envolve o complexo sistema mastigatório. O diagnóstico, o planejamento e o tratamento envolvem a atuação de um Ortodontista e um Cirurgião Bucomaxilofacial. Por meio de exames de imagens (radiografias, tomografias e fotografias), exames clínicos (da face e boca) e exames de modelos das arcadas dentárias pode se determinar o problema e realizar um plano de tratamento. Na atualidade utilizam-se sofisticados programas de computador que podem auxiliar no diagnóstico e prever, com grande proximidade de acerto, o resultado do tratamento. Desta forma, paciente e profissional podem, antecipadamente, discutir os resultados das mudanças estéticas da face.
A cirurgia é realmente necessária?
Sim, ela é necessária, pois o tratamento ortodôntico não consegue sozinho, corrigir o problema esquelético. Além dos dentes, o formato da estrutura óssea facial esta alterada.
Poderá surgir algum problema funcional, no caso de não se aplicar o tratamento?
Sim, com o uso indevido do sistema mastigatório poderão surgir: problemas periodontais (gengivais) com o amolecimento dos dentes e problemas na Articulação Temporo-Mandibular com dores e disfunção da mastigação.
Como é feito o tratamento?
O tratamento é dividido em etapas.
1º Etapa
A primeira etapa consiste na fase de correção e preparo dos dentes: no tratamento de cáries, recuperação dos dentes, extração dos dentes que podem prejudicar as correções necessárias e o tratamento ortodôntico com aparelho fixo. Nesta fase, o aspecto facial não apresentará nenhuma melhora estética e funcional. Eventualmente, será necessária alguma cirurgia intermediária, sob anestesia local ou geral, para podermos obter as correções necessárias.
2º Etapa
Na segunda fase será feita a cirurgia (Cirurgia Ortognática) da deformidade óssea. Para isto, é necessário a realização de exames de sangue, exame médico e novo conjunto de exames radiográficos. É nesta etapa que será observada a melhoria da estética facial e dental.
3º Etapa
Esta etapa consiste no “acabamento”, onde são realizadas as pequenas correções para uma alta definitiva. Estas correções podem ser: finalização ortodôntica, restaurações nos dentes e, eventualmente, alguma cirurgia.
Quanto tempo vai demorar o tratamento?
A fase mais longa é a primeira e vai depender do estado dos dentes. Na segunda fase, o tempo do tratamento é menor. É relativo ao dia da cirurgia e do período pós-operatório imediato. A terceira fase vai durar aproximadamente 6 meses, que é o período de acabamento e acompanhamento pós-operatório tardio.
O que é Cirurgia Ortognática?
Cirurgia Ortognática, também chamada de Cirurgia Ortodôntica, consiste em um conjunto de procedimentos cirúrgicos que tem o objetivo de colocar o maxilar, a mandíbula e os segmentos dento-alveolares em equilíbrio de encaixe (oclusão) e de estética facial. Um ou vários segmentos dos maxilares podem ser simultaneamente reposicionados, corrigindo vários tipos de mal oclusões e defeitos faciais.
Como é a cirurgia?
A cirurgia é feita sob anestesia geral, onde a pessoa dorme e não sente nada. A operação consiste de cortes no osso, corrigindo suas deformações. É feita por dentro da boca, não deixando cicatriz na face. O novo osso é fixado com placas e parafusos especiais, sendo totalmente biocompatíveis e não provocam rejeição. Semelhantes aos que são empregados nas cirurgias ortopédicas. Podem permanecer para sempre ou serem removidos, caso haja necessidade.
É necessário ficar com a boca “amarrada” depois da cirurgia?
Na atualidade, com os recentes avanços nas técnicas cirúrgicas, o paciente não fica com a boca amarrada.
Quanto tempo ficará no hospital?
O tempo de internação vai variar com o procedimento cirúrgico e com a resposta individual de cada paciente. Normalmente, para procedimentos de um segmento o paciente sai no mesmo dia ou permanece um dia no hospital, para procedimentos de dois segmentos o paciente fica dois dias no hospital.
Será necessária transfusão de sangue na cirurgia?
Com o emprego das mais modernas técnicas de anestesia geral e monitoramento do paciente, a perda de sangue, durante o ato operatório é muito pequena. Somente em situações muito especiais é necessária a administração de sangue ao paciente. Caso o paciente não queira tomar sangue de banco de sangue, pode ser programada uma auto-transfusão. Neste caso, o paciente armazena o próprio sangue, para uma eventualidade. Se não for utilizado, pode ser doado.
Quais são os principais cuidados pós-operatórios?
Os principais cuidados são:
ALIMENTAÇÃO – Deverá ser líquida e pastosa, durante, aproximadamente 45 dias, pois o paciente não pode mastigar neste período.
REPOUSO – O paciente deverá permanecer em repouso absoluto, durante 5 dias, depois poderá ter suas atividades normais, evitando o esforço físico e a exposição ao sol, durante 2 meses.
HIGIENE BUCAL – Deverá ser feita da melhor maneira possível, segundo a orientação específica fornecida.
MEDICAÇÃO – Deve ser seguida rigorosamente, segundo a orientação, para que não apareçam complicações pós-operatórias.
POSIÇÃO DO CORPO E CABEÇA AO DORMIR – Nos três primeiros dias deve-se manter o corpo em uma posição inclinada de 30° (posição supina), mantendo a cabeça fixa em uma posição reta e para frente. Para isto, colocam-se dois travesseiros lateralmente. Após este período, deve-se manter somente a cabeça fixa para frente, pelo período de 45 dias.
Após este período o paciente poderá dormir de lado, tomando o cuidado de não colocar a mão embaixo do rosto.
FISIOTERAPIA – No primeiro dia pós-operatório, deve ser feita a aplicação de bolsa de gelo ou similar, na face, com intervalos de 5 minutos.
Após o período de 60 dias, pode-se iniciar a fisioterapia funcional seguindo as orientações do Dr. Renato, mas o principal exercício é mastigar e durante as refeições o alimento deve ser mastigado 10 vezes de cada lado.
Ficará “inchado”?
O “inchaço” (edema) é normal, faz parte do processo de cicatrização. Pode ainda, aparecer manchas roxas na face, que desaparecerão em aproximadamente 15 dias.
Terá sangramento?
Um pequeno sangramento é normal, como o de uma extração dentária. É comum, também um pequeno sangramento pelo nariz.
A sensação de anestesia dura por quanto tempo depois da cirurgia?
É comum depois da cirurgia, principalmente na região inferior, perto do queixo e na região abaixo dos olhos, o paciente ficar com hipoestesia (perda temporária da sensibilidade sem perda da função motora). Apresentando-se clinicamente com a sensação de anestesia nestas regiões, podendo durar semanas, meses, anos ou raramente ser permanente. Em média a hipoestesia desaparece entre 06 e 36 meses.
Psicologicamente, como me afetará?
Trabalhos científicos têm mostrado que na primeira semana o paciente sofre uma pequena depressão, como em qualquer tipo de cirurgia, mas que depois passará dando lugar a uma euforia (alegria intensa) e recuperação da auto-estima, podendo ocorrer grandes mudanças psicologicamente positivas.
Como serão as mudanças faciais?
O objetivo do tratamento é recuperar a função correta das estruturas dentofaciais. Consequentemente, temos uma melhoria na estética facial, proporcionando um aprimoramento da beleza pessoal. As alterações faciais serão planejadas em computador e o paciente terá a oportunidade de analisá-las antes da realização da cirurgia.
O acompanhamento deverá ser feito por quanto tempo?
O acompanhamento deve ser feito por pelo menos 05 anos de pós-operatório.
Poderão surgir alguns problemas com o tempo?
Quando o tratamento é realizado corretamente e o paciente realiza todas as recomendações, a ocorrência de complicações são mínimas. Os ossos da face não ficam mais fracos, pelo contrário, todas as funções da face (respiração nasal, mastigação equilibrada) serão restabelecidas, ocorrem grandes melhorias estéticas e psicológicas.
Para maiores esclarecimentos, estamos à sua disposição.
Cordialmente,
Prof. Dr. Renato Vita